Cimento de palhada de milho é destaque

Cimento de palhada de milho é destaque na Tribuna de Piracicaba como inovação sustentável na construção civil

A sustentabilidade na construção civil ganhou um novo aliado: o cimento de palhada de milho. A inovação foi tema de uma matéria publicada nesta terça-feira (16/04/2024) pela Tribuna de Piracicaba, destacando o trabalho do professor Mahmoud Shakour, da Fatec de Presidente Prudente.

Neste artigo, você confere os principais pontos da reportagem e por que essa descoberta pode transformar a indústria do cimento no Brasil — e no mundo.

O que é o cimento de palhada de milho?

O cimento de palhada de milho é um material cimentício alternativo ao tradicional cimento Portland, produzido a partir dos resíduos da cultura do milho — especialmente da palhada, que normalmente é deixada no solo após a colheita.

Segundo a matéria da Tribuna de Piracicaba, o professor Mahmoud Shakour desenvolveu um método para transformar esse resíduo agrícola em um novo tipo de cimento sustentável, utilizando um processo de carbonização da palhada a altas temperaturas (cerca de 600 °C).

Inovação brasileira com foco em sustentabilidade

A pesquisa foi realizada durante o mestrado de Shakour na Unesp de Ilha Solteira e contou com orientação do professor Roberto Akira Kahn. O resultado foi tão promissor que já gerou um pedido de patente junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

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A grande inovação está em utilizar a cinza rica em sílica da palhada de milho como base para um material com propriedades semelhantes ao cimento tradicional, porém com menor impacto ambiental.

Cimento de palhada de milho e a redução das emissões de CO₂

Um dos grandes diferenciais do cimento de palhada de milho está na sua capacidade de reduzir emissões de dióxido de carbono (CO₂) — uma das maiores preocupações da indústria do cimento atualmente. A produção do cimento Portland é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa no mundo.

Ao aproveitar resíduos agrícolas abundantes, como os do milho, o novo cimento oferece uma alternativa viável, renovável e de menor pegada de carbono, alinhando-se aos princípios da economia circular e da construção sustentável.

Benefícios econômicos e sociais da tecnologia

Além do benefício ambiental, o uso da palhada de milho no cimento pode reduzir custos de produção, gerar novos modelos de negócio no agronegócio e criar oportunidades para agricultores e pequenas empresas no campo da biomassa e reciclagem de resíduos agrícolas.

Segundo Shakour, o Brasil produz cerca de 110 milhões de toneladas de milho por safra, o que representa um enorme potencial para aproveitamento desses resíduos.

Próximos passos: do laboratório para a indústria

O professor revelou à Tribuna de Piracicaba que o próximo passo é buscar parcerias para testes em escala industrial. Os resultados laboratoriais já demonstraram boa resistência mecânica, durabilidade e trabalhabilidade do material, mostrando que ele é viável para diversas aplicações na construção civil.

A expectativa é que, em breve, o cimento de palhada de milho possa chegar ao mercado, promovendo uma revolução verde no setor da construção.

Conclusão: um futuro promissor para o cimento de palhada de milho

A matéria publicada pela Tribuna de Piracicaba traz à tona uma inovação que pode impactar positivamente o meio ambiente, a construção civil e o agronegócio brasileiro. O cimento de palhada de milho é um exemplo claro de como ciência, tecnologia e sustentabilidade podem caminhar juntas rumo a um futuro mais limpo e eficiente.

Se você atua nos setores de engenharia, arquitetura, construção ou sustentabilidade, vale acompanhar de perto essa evolução.

Texto na íntegra

A Tribuna Piracicabana
Terça-feira, 16 de abril de 2024 – Página 06

Cimento de palhada de milho

Décio Luiz Gazzetta

A palhada de milho, normalmente deixada na lavoura após a colheita do grão, tem grande importância ambiental por ajudar na cobertura e proteção do solo, contribuir para a conservação da umidade e agregar matéria orgânica. No entanto, essa biomassa também pode ter outras destinações nobres, como a de se transformar em cimento.

Sim, é isso mesmo. O professor Mahmoud Shakour, docente do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Presidente Prudente, desenvolveu um método inovador para transformar os resíduos da cultura do milho em material cimentício, semelhante ao cimento Portland, utilizado na construção civil.

A tecnologia é resultado de sua pesquisa de mestrado, defendida na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Ilha Solteira, que deu origem a um pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O estudo foi orientado pelo professor Roberto Akira Kahn, do Departamento de Engenharia Civil da universidade.

Para alcançar os resultados desejados, o professor Shakour precisou carbonizar a palhada, submetendo-a a altas temperaturas (em torno de 600°C), para obter um resíduo rico em sílica. Essa cinza foi misturada a outros materiais, como escória de alto-forno e gesso, até se tornar um produto com propriedades cimentícias.

INOVAÇÃO

A pesquisa é considerada inovadora porque, ao contrário de outros estudos com resíduos agroindustriais, utilizou uma abordagem diferente para aproveitar as características físicas e químicas da palhada de milho. A ideia é que o novo cimento possa ser usado em substituição parcial ou total ao cimento tradicional, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa, já que a produção de cimento convencional é uma das principais fontes de dióxido de carbono (CO₂) no mundo.

“O Brasil é um dos maiores produtores de milho do planeta, com cerca de 110 milhões de toneladas por safra. Isso significa uma enorme quantidade de resíduos que podem ser aproveitados”, explica Shakour.

De acordo com o professor, o próximo passo será a realização de testes em escala industrial e a busca de parceiros para viabilizar a produção em larga escala. O objetivo é contribuir para uma construção civil mais sustentável e menos agressiva ao meio ambiente.

BENEFÍCIOS À VISTA

Além da questão ambiental, a utilização da palhada de milho na fabricação de cimento pode trazer benefícios econômicos, como a redução de custos na produção e o estímulo ao aproveitamento de resíduos agrícolas, que muitas vezes são tratados como lixo.

A pesquisa também tem potencial para gerar emprego e renda no campo, com a criação de novas cadeias produtivas envolvendo a coleta, o processamento e a comercialização da biomassa.

O desenvolvimento de novos materiais a partir de resíduos agrícolas é uma tendência mundial e pode ajudar o Brasil a se destacar no cenário internacional como um país comprometido com a inovação e a sustentabilidade.

A proposta vai ao encontro de diversas iniciativas governamentais e privadas que incentivam a economia circular e a utilização de fontes renováveis de matéria-prima.

Segundo o professor Shakour, o cimento de palhada de milho apresentou desempenho satisfatório em testes laboratoriais de resistência mecânica e durabilidade, além de boa trabalhabilidade, o que o torna viável para diversas aplicações na construção civil.

A expectativa é que, nos próximos anos, a nova tecnologia possa ser incorporada ao mercado, gerando impactos positivos para o meio ambiente, para o setor da construção e para a sociedade como um todo.


Décio Luiz Gazzetta é jornalista especializado em Ciências Agrárias e escreve a coluna “Cimento e Agro” todas as terças-feiras.


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