Na construção civil, o uso do cimento é essencial para garantir a resistência e durabilidade das obras. Porém, há um aspecto crucial que deve ser cuidadosamente monitorado: a temperatura do cimento. O processo de fabricação do cimento é rápido, e, em muitos casos, o clínquer de cimento Portland sai do forno a aproximadamente 80°C, indo diretamente para a moagem, ensacamento e expedição, podendo chegar ao canteiro de obras ainda quente. A prática de utilizar cimento quente, no entanto, pode ter sérias consequências para a qualidade do concreto e argamassa.
Por que o cimento quente pode ser problemático?
Embora a fabricação do cimento envolva o aquecimento do clínquer, é fundamental entender que a temperatura elevada do material pode afetar negativamente a trabalhabilidade da mistura. O cimento quente tende a prejudicar a consistência da argamassa e do concreto, tornando-os mais difíceis de manipular e aplicar. Além disso, a utilização do cimento em temperaturas elevadas pode comprometer o processo de cura e a resistência final do concreto.
Estudos e especialistas recomendam que o cimento, antes de ser usado, deve passar por um processo de resfriamento. Caso contrário, o concreto ou argamassa formada com o cimento quente pode apresentar fissuras e até falhas estruturais, prejudicando a qualidade da obra. Além disso, é importante lembrar que a temperatura do cimento tem um impacto marginal na temperatura final do concreto, o que reforça a necessidade de controle dos outros componentes da mistura, como a temperatura da água e dos agregados.
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Como armazenar e controlar a temperatura do cimento?
A fim de evitar que o cimento seja utilizado com temperaturas elevadas, a recomendação é deixá-lo descansar até atingir temperaturas mais baixas. Para isso, uma boa prática é estocar os sacos de cimento em pilhas menores, de aproximadamente cinco sacos por pilha, com espaço entre eles para permitir a circulação de ar. Essa técnica favorece o resfriamento natural do cimento, acelerando o processo e garantindo que ele chegue à obra com temperaturas ideais para o uso.
Além disso, ao receber o cimento na obra, deve-se garantir que ele não ultrapasse a temperatura de 70°C. Esse valor é considerado seguro e adequado para garantir que o cimento ainda esteja nas condições ideais para a mistura, sem prejudicar a trabalhabilidade ou as propriedades finais do concreto.
O que é mais importante: a temperatura do cimento ou dos agregados?
Embora a temperatura do cimento tenha um impacto relativamente pequeno na temperatura final do concreto, como comprovado por estudos experimentais, é fundamental dar mais atenção à temperatura dos agregados e da água de amassamento. A temperatura ideal para o concreto fresco não deve ultrapassar 30°C, principalmente se o objetivo é garantir a qualidade do concreto e evitar fissuras. Portanto, ao planejar o uso do cimento em uma obra, é essencial controlar não só a temperatura do cimento, mas também dos outros componentes da mistura.
Conclusão: Prevenção é a chave para um concreto de qualidade
Portanto, o cimento quente deve ser evitado na construção civil. Embora não tenha um grande impacto direto na temperatura final do concreto, ele pode comprometer a trabalhabilidade e a resistência do material. É imprescindível controlar a temperatura do cimento durante o armazenamento e garantir que os agregados e a água de amassamento estejam dentro dos parâmetros recomendados para evitar problemas no concreto fresco. A correta armazenagem e resfriamento do cimento são medidas simples, mas de grande importância para assegurar a qualidade e durabilidade das obras.
Curiosidade
Um estudo interessante da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) comprovou que para cada aumento de 10°C na temperatura do cimento, há um aumento de apenas 1°C na temperatura do concreto. Isso reforça que a temperatura do cimento tem uma influência muito limitada, mas, ainda assim, é fundamental para que o concreto tenha um bom desempenho.
Com esses cuidados, a construção civil pode garantir a obtenção de concreto de alta qualidade, com maior durabilidade e resistência, contribuindo para a segurança e sucesso das obras.