Nos dias 26 e 27 de setembro, a Casa de Jornalistas, em Belo Horizonte, recebe a Feira de Arte, Artesanato e Sustentabilidade, evento que reuniu artesãos e designers de diversas regiões da capital mineira. O encontro destaca criações que unem arte, inovação e moda sustentável, atraindo visitantes interessados em moda consciente, decoração e acessórios produzidos a partir de materiais reciclados.
Entre os destaques estavam os vestidos de noiva confeccionados com sacos de cimento reaproveitados, além de bolsas, kimonos e outros produtos feitos com a mesma proposta sustentável.
Moda sustentável com sacos de cimento
A estilista mineira Iáskara Oliveira conquistou repercussão nacional ao transformar sacos de cimento descartados em obras de alta costura. O material, resistente e de lenta degradação, é ressignificado em um processo artesanal que combina fibra de bananeira, tingimentos naturais (açafrão, urucum, casca de cebola e folhas) e técnicas manuais sobre tule, criando peças únicas, maleáveis e duráveis.
“Conversei com mestres de obras, recolhi os sacos e os transformei em fibra. Depois combinei com a fibra de bananeira, criando uma base resistente para os vestidos, saias e kimonos”, explica a estilista.
Cada peça leva, em média, seis meses para ser concluída, respeitando as proporções do corpo e o estilo de quem irá usá-la. Apesar da estética delicada, os vestidos são duráveis: algumas clientes ainda preservam modelos confeccionados há mais de dez anos.
A administradora Alessandra Lopasso Ricci, de São Paulo, escolheu um vestido sustentável para seu casamento em 2023 e relata:
“Quando contei que meu vestido seria feito com saco de cimento, causou espanto. Mas no dia do casamento, todos se encantaram. O conforto é o mesmo de um vestido tradicional e o resultado foi deslumbrante.”
Os preços partem de R$ 10 mil, competitivos frente a modelos tradicionais de luxo, que podem ultrapassar R$ 20 mil.
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Destinação correta e reciclagem dos sacos de cimento
Além da moda, a iniciativa de Iáskara reforça uma questão prática: a destinação adequada dos sacos de cimento após o uso.
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), regulamentada pelo Decreto nº 10.936/2022, as embalagens pós-consumo, incluindo sacos de cimento, devem ser encaminhadas a programas de logística reversa, garantindo sua reinserção no ciclo produtivo.
As principais alternativas de destinação correta incluem:
- Reciclagem em cooperativas de papel, transformando os sacos em matéria-prima para novas embalagens;
- Coprocessamento em fornos de clínquer, aproveitando o material como combustível alternativo na indústria do cimento;
- Reaproveitamento artesanal, para confecção de bolsas, acessórios, objetos de decoração ou peças de moda sustentável.
A legislação orienta que os sacos não sejam descartados no lixo comum ou misturados ao entulho, contribuindo para economia circular e redução do impacto ambiental.
Sustentabilidade, arte e economia circular
A exposição demonstra que resíduos da construção civil podem se tornar matéria-prima para inovação e arte, fortalecendo a cultura local e inspirando soluções criativas e sustentáveis. A iniciativa de Iáskara Oliveira evidencia que moda, sustentabilidade e responsabilidade ambiental podem caminhar juntas, criando peças de luxo com propósito.
📌 Serviço
Feira de Arte, Artesanato e Sustentabilidade
📅 26 e 27 de setembro, das 9h às 17h
📍 Casa de Jornalistas – Avenida Álvares Cabral, 400 – Lourdes, Belo Horizonte (MG)
🎟 Entrada gratuita
Fonte – Estado de Minas

